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Terceira parte da matéria China-Coreia do Norte

  • Foto do escritor: Guilherme Carvalho
    Guilherme Carvalho
  • 1 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Terceira parte da matéria China-Coreia do Norte

Acredito que um confronto nuclear de qualquer dimensão no leste asiático, provocado por Pyongyang ou justificado pelas atitudes norte-coreanas, ou até de algum incidente na região entre navios ou tropas dos dois lados que sirva de pretexto para uma ação americana e de seus aliados, seria um desastre para China e para o mundo. Ou seja, não há solução militar nesse momento para desnuclearizar a Coreia do Norte. A via diplomática segue, talvez com a reintegração do “Grupo dos Seis” (Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte), para negociar com os norte-coreanos, e a garantia que o regime norte-coreano não será alvo de alguma ingerência externa, sendo a melhor opção para dirimir as tensões e estabilizar as relações no curto prazo; pois não creio que resoluções do Conselho de Segurança da ONU irão surtir o efeito desejado, porque no momento em que essas resoluções tiverem uma linguagem mais coercitiva, a China e a Rússia, certamente, irão utilizar seu poder de veto.

Haja vista o relativo fracasso do regime internacional de não-proliferação nuclear sob o auspício do TNP (Tratado de Não-Proliferação), com adesão atual de 189 países, e que visava o desarmamento, o monitoramento e o uso pacífico da energia nuclear; mas que não foi eficiente em atrair para adesão países relevantes como a Índia, o Paquistão e Israel; e, mais tarde, a Coreia do Norte, que foi signatária do TNP até 2003 quando se retirou desse tratado. O fato de os países que já são declaradamente detentores de arsenais nucleares sob o regime do tratado, como França, a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a China e a Rússia não terem, sistematicamente, reduzido seus arsenais nucleares também contribuiu, e contribui, para minar a credibilidade e legitimidade desse importante tratado.

Na minha opinião, ter mais países com o dedo no botão detonador de um arsenal nuclear não é a solução para um mundo pacífico e estável. Há especialistas, porém, que discordam do meu ponto de vista e que consideram o direito de um país de se defender a todo custo e ter o direito de desenvolver armas nucleares, se necessário, como algo inerente das relações internacionais de características anárquicas entre Estados soberanos. Posto o contraditório, creio, pois, que uma revisão do regime de não-proliferação nuclear deve ser prioridade; porque se esse processo de desagregação desse regime continuar, mais países se sentirão no direito de se retirar do tratado e desenvolver armas nucleares como instrumento de autopreservação.

A minha suspeição sobre como a Coreia do Norte adquiriu a capacidade nuclear-militar, sem ter sido pressionada de forma mais aguda a abandonar tal iniciativa pelos seus vizinhos mais poderosos, em especial, a China como aliado histórico, mas como país mais próximo geograficamente da Coreia do Norte, quando posta no contexto geopolítico de ascensão da China no leste asiático e de retração relativa dos Estados Unidos, em seu papel de única superpotência, além das profundas relações políticas, econômicas e comerciais entre a China e a Coreia do Norte, começa a fazer a atitude chinesa no Conselho de Segurança da ONU a transparecer como algo de manipulador ou “cortina de fumaça” a fim de esconder os reais objetivos geopolíticos chineses no leste asiático. O principal: o enfraquecimento das alianças dos Estados Unidos e os países da região os quais circundam a China.

Vamos torcer que a via diplomática seja bem sucedida para que o mundo possa, mais uma vez, desde a crise dos mísseis de Cuba em 1962, afastar o perigo de uma guerra nuclear.

David Eduardo Barreto Filho

Cientista político e historiador

Formado na City University of New York - Queens College

Discente do MBA em Relações Internacionais

Fundação Getúlio Vargas

Email: dbrazilianny@aol.com

Facebook: https://www.facebook.com/david.barreto.100

 
 
 

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